O que é o Agosto Lilás?
O Agosto Lilás é uma campanha nacional de conscientização pelo fim da violência contra a mulher. Criada em 2016, tem como base a Lei Maria da Penha (2006), uma das legislações mais completas do mundo sobre o tema.
Durante o mês de agosto, instituições e marcas são convidadas a se posicionar publicamente contra a violência de gênero. Mas, para o mundo corporativo, essa é uma responsabilidade que vai muito além da visibilidade em redes sociais. É uma oportunidade (e uma necessidade) de revisitar sua cultura organizacional e o compromisso real com a segurança das mulheres.

Por que o Agosto Lilás deve ser assunto dentro das empresas?
Mais de 52% das mulheres brasileiras estão no mercado de trabalho. E muitas delas convivem diariamente com situações de violência que atravessam suas rotinas, inclusive durante o expediente.
Segundo dados do IBGE:
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1 em cada 4 mulheres já sofreu violência doméstica
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A maioria não denuncia por medo, dependência financeira ou vergonha
Isso significa que a violência contra a mulher não é um problema “externo” às organizações. Ela impacta diretamente o clima organizacional, a produtividade, o absenteísmo e, principalmente, a segurança psicológica das equipes.
Como a violência contra a mulher se manifesta no ambiente corporativo?
Não são apenas os casos de violência doméstica que afetam a vida profissional das mulheres. O próprio ambiente de trabalho pode ser um lugar de violências “normalizadas”. Alguns exemplos:
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Assédio moral ou sexual disfarçado de brincadeira
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Silenciamento em reuniões e tomadas de decisão
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Desigualdade salarial e de oportunidades por gênero
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Julgamentos sobre vestimenta ou comportamento
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Violência psicológica através de controle, exclusão ou gaslighting
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Falta de apoio às funcionárias em situação de vulnerabilidade
Reconhecer essas manifestações é o primeiro passo para combatê-las. E é dever da liderança assumir um papel ativo nesse enfrentamento.
“A vida começa quando a violência acaba.”
Maria da Penha
Práticas e Políticas para um Agosto Lilás Transformador (e para o ano todo!)
A seguir, algumas ações concretas que empresas com cultura forte têm implementado:
1. Políticas internas de acolhimento
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Canal sigiloso para denúncias
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Flexibilização de jornada ou afastamento em casos de violência
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Suporte jurídico e psicológico gratuito
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Manual de condutas inaceitáveis
2. Capacitação de lideranças
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Treinamentos sobre escuta ativa e acolhimento
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Formacão para identificação de sinais de violência
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Simulações de atendimento às colaboradoras
3. Cultura que não silencia
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Campanhas internas com linguagem inclusiva
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Rodas de conversa com especialistas
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Cartilhas educativas sobre diferentes formas de violência
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Comunicados institucionais com posicionamento claro
4. Revisão de políticas de RH
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Benefícios ampliados para funcionárias em situação de risco
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Equidade de gênero nas promoções e lideranças
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Indicadores de diversidade e segurança monitorados
5. Integração com endomarketing e ESG
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Ações que unam propósito e impacto social
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Parcerias com ONGs, redes de apoio e coletivos
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Brindes, eventos e experiências simbólicas com intencionalidade
Exemplo prático: o que uma campanha interna pode incluir?
Uma campanha bem estruturada de Agosto Lilás pode incluir:
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Uma carta da liderança com posicionamento institucional
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Oficinas sobre escuta e acolhimento
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Materiais informativos nos canais internos
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Espaços seguros para escuta, com apoio especializado
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Kits simbólicos com mensagens de força e pertencimento
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Conteúdos que visibilizem as mulheres da organização
Essas ações comunicam: “Aqui, você não está sozinha.”
Cultura Organizacional é também sobre poder proteger
Quando a empresa cuida da segurança emocional de quem trabalha ali, ela não está apenas sendo “inclusiva”. Ela está sendo coerente.
Porque cultura organizacional não é o que está na parede da recepção. É o que se vive no cotidiano.
Construir ambientes seguros para mulheres é construir ambientes mais justos para todxs. E isso se traduz em:
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Clima organizacional mais leve
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Maior retenção de talentos
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Melhora na produtividade
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Fortalecimento da marca empregadora
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Orgulho de pertencer
Agosto Lilás é um começo. Não um fim.
Campanhas como o Agosto Lilás precisam ser tratadas como ponto de partida para uma cultura de cuidado duradoura.
Empresas que desejam ser humanas precisam agir com:
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Intencionalidade
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Coerência
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Coragem
E o RH é protagonista dessa transformação.
Que tal começar agora?
Sim, o cuidado tem retorno. O afeto tem impacto. A escuta transforma.
Se você é liderança, gestor(a) de RH ou atua com cultura organizacional, reflita:
“O que a minha empresa está comunicando (ou deixando de comunicar) para as mulheres que trabalham aqui?”
Converse com sua equipe, proponha uma campanha com intenção, reveja suas políticas. Agosto é um convite para a ação.
Compartilhe este guia com sua liderança.
Vamos construir juntas e juntos uma cultura que protege, acolhe e transforma.